domingo, 8 de maio de 2016

As cascatas de Tallulah

Planeáramos passar um dia no Parque Natural de Tallulah, a 1h30 de Atlanta (EUA). Tínhamos ouvido falar os trilhos deste parque que na garganta do rio Tallulah cujas águas caem em diversas cascatas no fundo das quais haveria um lago onde se poderia nadar. Era esse mesmo o objetivo do nosso passeio.
Partimos depois do pequeno-almoço. Apesar de sabermos que só se dão 100 autorizações por ida para descer a garganta íamos esperançadas de conseguir receber uma, pois os dias andavam ronhosos a temperatura tinha caído abruptamente.

A garganta do rio Tallulah é uma das formações geológicas mais antigas na América do Norte. É um dos canyons mais espetaculares na parte leste dos EUA com 3,2 km de comprimentos e aproximadamente 300 m de profundidade. Uma ponte suspensa balança a 24 m por cima da água, proporcionando vistas fantásticas sobre o rio e sobre a Cascata de Furacão (Hurricane Falls).
Criado Parque Estatal em 1992, a Garganta de Tallulah é gerido num parceira público-privada única no país entre o estado e uma empresa produtora de eletricidade.

Chegámos ao parque por volta das 11h. A guarda-florestal que nos deu a autorização teve de nos ler as normas – que por acaso também estávamos escritas no verso do impresso. Mas o caminho é muito difícil e o Departamento dos Recursos Naturais do estado da Geórgia quer que fique bem explícito que não é responsável pelo que possa acontecer. O risco é todo dos caminheiros.
A primeira parte do caminho faz-se “com uma perna às costas”. A passagem pela ponte suspensa é excitante. Toda a ponte treme com os nossos passos. Ao fundo corre o rio Tallulah. Ao longe vemos duas cascatas: a Água de Ouro com 14 m e a Cascata de Tempesta com a água a cair para a garganta.

Daqui descem-se mais de 500 degraus até às cascatas de Oceana que caem de uma altura de 15 metros. Aqui começaram as nossas dificuldades. Neste ponto há que atravessar o rio por pedras. Só que como tinha chovido muito nos dias anteriores as pedras estavam em parte submersas. Conseguimos chegar a meio do rio saltando de pedregulho em pedregulho. Mas como avançar? Ficámos uns 10 minutos especadas no meio do rio em cima de uma pedra. Que fazer? Voltámos para trás para estudar a situação. Não havia outra maneira de chegar ao outro lado senão passando pelo rio. Descalçámos os sapatos e recomeçámos a travessia.  Da pedra onde já tínhamos estado pusemos o pé sobre uma pedra submersa. A água corria com alguma velocidade não nos deixando ver bem o chão.
Com um pau fomos tateando as pedras e fomos avançando muito devagarinho até à curta margem. Sentámo-nos numa pedra para calçar os sapatos quando, ao olhar para trás, vimos uma cobra a apanhar sol…

Começou então o difícil caminho paralelo ao rio até ao Véu da Noiva de 1,2 km sobre pedras e pedregulhos, alguns dos quais com uma inclinação de 45 graus. Tínhamos de avançar devagar, pois algumas pedras eram muito escorregadias e inclinadas e nós não queríamos ir para ao rio.
Chegámos finalmente ao lago no fundo da garganta. O rio corre aqui por um pedregulho liso com 27 m de comprimento e uns 5 de largura: um escorrega natural que termina num pequeno lago. Uma maravilha a meio da caminhada. Rapidamente vestimos o biquíni e fomos para cima do pedregulho. Depois foi só sentarmo-nos e deixarmo-nos levar pedregulho abaixo até mergulharmos no lago!

Depois de nos secarmos, retomámos a caminhada de regresso para a parte alta da garganta. Primeiro havia que voltar a travessar o rio precisamente naquele lugar onde nos sentamos para escorregar… Havia que ter muito cuidado para irmos até ao ouro lado e não irmos parar de novo o lago. O caminho para cima é dificílimo só com pedras, pedregulhos e raízes expostas de árvores. Demorámos uma hora a subir 300 metros! No cimo o caminho é então plano e muito fácil de caminhar, pois a superfície do trilho é feita de pneus reciclados.
Antes de chegar ao ponto onde começámos passamos pela barragem e o seu belo lago com uma convidativa praia fluvial. Estávamos exaustas após termos caminhado durante 4 horas, subindo e descendo pedregulhos, andando por entre árvores, mas valeu a pena. O bosque é lindo e as paisagens fabulosas.