quarta-feira, 29 de novembro de 2017

1ª dia de CGE

A Cimeira Global de Empreendedorismo (CGE)  é uma ligação vital entre os governos e o setor privado e apoia todos os participantes globais para mostrar os seus projetos, trocar ideias e aproveitar novas oportunidades. Os participantes vêm verdadeiramente de todo o mundo e os empreendedores representam um enorme leque de regiões, indústrias, tamanho de empresas e de negócios.
A sessão inaugural começou com a apresentação de um belíssimo filme sobre a diversidade cultural, monumental e paisagística da Índia.
O presidente do estado de Talangana, onde se encontra Hiderabade, abriu a sessão, falando da importância duma cimeira destas que serve de ponte entre os empreendedores e da importância do empreendedorismo na economia. “São sonhos que se realizam mesmo quando todos dizem que são impossíveis. Mas o verdadeiro empreendedor não se deixa abanar e persegue o sonho até o concretizar.”
Para Ivanka Trump, que esteve presente na sua qualidade de conselheira do presidente americano, também realçou a importância do empreendedorismo. “Os empreendedores estão a revolucionar o mundo graças às suas novas ideias e à sua perseverança. Os empreendedores avançam sem medo de falhar”. Mas chamou a atenção para as dificuldades acrescidas das mulheres empreendedoras, por exemplo,  no acesso a capital: “aos homens, os bancos perguntam que êxitos os esperam e às mulheres se não vão falhar”. É necessário “empoderar as mulheres que são o futuro da Humanidade”.
O primeiro ministro da Índia Narendra Modi realçou a importância munda de Hiderabade no setor das tecnologias que até já ultrapassou Silicon Valley, tendo sublinhado o empenhamento do governo no apoio à inovação. “Mais do que empreendedores na Índia temos milhões de pensadores que concretizam as suas ideias”.  Destacou ainda a enorme contribuição das mulheres para a economia indiana, como por exemplo, 60% da agricultura está nas mãos das mulheres. Outro exemplo é o do governo indiano que tem pastas importantes em mãos femininas: os Negócios estrangeiros e a Defesa.“O empoderamento das mulheres tem de ser uma prioridade para o mundo”
O dia terminou com uma receção no Palácio Falaknuma que em tempos pertenceu à família Paigah e depois ao Nizam de Hiderabade. Foi construído por Nawab Vikar-ul-Umra, primeiro ministro de Hiderabade e tio e cunhado do Nizam VI, Nawab Mir Mahboob Ali Khan Bahadur nos finais do século XIX. A construção demorou nove anos. È feito de mármore italiano com janelas de vidro pintado. O  Nawab era um viajante apaixonado e notam-se as influências italianas e dos Tudor.
Tem a forma de um escorpião com as duas pinças a apontar para  norte. A parte central é ocupada pelo edifício principal e pela cozinha.

Em 1951 o palácio foi restaurado e a sua gestão entregue à cadeia de hotéis Taj 

#GES2017

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Hiderabade, Índia



Vasco da Gama demorou meses a chegar à Índia. Eu demorei 13h e achei muito. Mas apesar de não ter dormido nos voos – o transbordo a meio da noite quebra o sono, ou a possibilidade de dormir – quando aterrei nesta cidade cheia de vida fiquei espertíssima.
Hiderabade é uma cidade muito frenética, cheia de engarrafamentos mas com uma história com mais de 400 anos. Foi a cidade dos Nizams, do quais resta o belíssimo e o enorme palácio entre muitos outros. Em tempos foi famosa pelos seus palácios e pérolas – e em 2017 é a capital do empreendedorismo da Índia.
Um segundo lar para gigantes como a Amazon, Google, Apple e Uber, entre muitos outros, Hiderabade tornou-se nos últimos anos um solo fértil para inovações e a atividade  empreendedora no país. A cidade criou todo um ambiente holístico com fantásticos apoios ao empreendedorismo e uma forte infraestrutura dedicado ao empreendedorismo, tendo impulsionado uma infraestrutura robusta, tanto física como tecnológica.
Os parques tecnológicos, os cinemas e muitas sedes de empresas também contribuem para tornar Hiderabade uma das maiores – e das mais eficientes - placas giratórias de IT não só de Índia mas também do mundo – e esse bairro ganhou o nome de Cyberabad.


Para receber a Cimeira Global do Empreendedorismo que começa amanhã com a presen çae do primeiro-ministro da Índia e da filha do presidente americano, Ivanka Trump, Hiderabade  engalanou-se. A decoração da estrada que leva ao centro de congressos estava hoje a ser terminada Foram colocados jardins verticais,  foram tapados os bairros de lata com rede sombra. Por todo o lado há cartazes de boas vindas aos participantes … e a Ivanka Trump.

Mas alheemo-nos um pouco da cimeira. A viagem de carro até ao centro não e para corações fracos. O trânsito é infernal: muitos carros, milhares de tuk-tuk, de motoretas e de pessoas. Todos apitam constantemente. Índia!


Fomos até Charminar, o centro da cidade antiga. Primeira paragem: palácio de Chowmahalla ou Chowmahallatuu (4 palácios), o palácio dos Nizams de Hiderabade , a residência oficial da dinastia de Asaf Jahi enquanto reinava a cidade. Ainda hoje o palácio pertence a Barkat Ali Khan Mukarram Jah, o herdeiros dos Nizams.
Em Urdu,  Char significa quatro – e quatro são os palácios dentro do complexo. Mahalat é o plural de Mahalel e significa palácios.

Construído no século XIX, o palácio de Chowmahalla é um dos locais mais visitados em Hiderabade. O seu estilo lembra o palácio do Xá em Teerão.
A construção do palácio de Chowmahalla foi iniciada por Nizam Salabat Jang em 1790, mas só foi terminada entre 1857 e 1869 durante o reinado do 5º Nizam, Afzar-ud-Daulah, Asaf Jav V. Originalmente o palácio ocupava uma área de 45 hecttares, indo do bazar Laad a norte à Rua Aspan Chowk a sul. Atualmente ocupa somente 12 hectares.
Não muito longe está a mesquita Mecca onde estão os túmulos dos Nizams. De notar que este estado indiano é predominantemente muçulmano.
Para lá chegar atravessamos um mercado de rua, o bazar Laad, muito animado: romãs bem vermelhas, pérolas, pulseiras de ouro, chá, saris, perfumes - tudo ali se encontra. 
A mesquita Mecca  é uma das mais antigas de Hiderabade e uma das maiores na Índia. Pode acolher 8 000 fiéis e demorou 77 anos a ser construída.
Muhammad Quli Qutb Shah, o 5º governante da dinastia Qutb Shahi, mandou vir tijolos feitos com a terra de Meca, o local mais sagrado do Islão, que foram usados para a construção do arco central da mesquita. As fachadas foram esculpidas de único bloco de granito que demorou cinco anos a ser retirado da pedreira 





domingo, 26 de novembro de 2017

8ª Cimeira Global de Empreendedorismo (CGE)


De partida para Hiderabade (Índia) para a 8ª Cimeira Global de Empreendedorismo (CGE) / (Global Entrepreneurship Summit - GES) e que tem lugar de 28 e 30 de novembro, numa organização conjunta dos governos dos Estados Unidos e da Índia. Pela vez a cimeira vai ser realizada na Ásia, em Hiderabad, a capital do estado de Telangana e o berço da T-Hub, a maior incubadora de start-ups da Índia, com um forte ecossistema de start-ups, uma grande presença das maiores empresas tecnológica americanas e um governo que apoia largamente a inovação.
1500 participantes, incluindo 300 investidores, de 150 países, com idades que vão dos 13 (!) aos 84 anos. Mais de 52.5 % dos participantes são mulheres! Pela primeira vez, o número de mulheres supera o dos homens!
A CGE é a reunião anual mais importante de empreendedorismo, congregando empresários, investidores e apoiantes emergentes de todo o mundo. Ao longo de 2 ½  dias – a agenda https://www.ges2017.org/agenda/ já espelha um pouco o que lá se vai passar - , a CGE capacita os empresários para lançar suas ideias, criar parcerias, garantir financiamento, inovar e encontrar seus clientes-alvo, criando novos bens e serviços que irão transformar as sociedades. As relações comerciais que surgiram nas cimeiras passadas transcenderam indústrias e setores e converteram ideias em empresas. A cimeira também serve como um vínculo vital entre os governos e o setor privado, e convoca participantes globais para mostrar projetos, trocar ideias e defender novas oportunidades de investimento
Este ano a cimeira, com o lema Mulheres em Primeiro Lugar, Prosperidade para Todos, irá centrar-se no apoio a mulheres empreendedoras e fomentando o crescimento económico globalmente. Os temas de trabalho dividir-se-ão pelos setores de Energia & Infraestrutura, Cuidados Médicos & Ciências da Vida, Tecnologia Financeira & Economia Digital, e Meios de Comunicação & Entretenimento.
Investir em mulheres empreendedoras não só vai dar força ao crescimento económico como incentive a inovação ao abordar os desafios críticos que as comunidades estão a enfrentar em todo o mundo. As mulheres líderes em empreendedorismo, inovação e investimentos têm também a chave para fomentar sociedades prósperas e dinâmicas.

De certeza que regressarei de Hiderabade cheia de novas ideias – e, espero eu, com um investidor para os meus novos projetos.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Cozinha de sentimentos - O Restaurante Luz no Hotel Iberostar Lisboa



“Quando cozinhamos para os nossos clientes temos sempre de pensar que estamos a cozinhar para os nossos pais. Com todos os sentimentos”. É assim que Jorge Fernandes, o chefe executivo do restaurante Luz do hotel de 5 estrelas Iberostar, tenta motivar os seus ajudantes de cozinha a darem o seu melhor quando estão a preparar as refeições para os clientes. E esse sentimento caloroso e afetivo reflete-se nos pratos servidos. “Quando fazemos o que sonhamos, sai sempre bem feito”, diz-nos ainda.

O Iberostar é um dos hotéis mais recentes de Lisboa. Abriu há somente dois meses mas, pelo menos na cozinha, nada foi deixado ao acaso. Pensando no futuro, a cozinha está dividida por vários pisos, com equipamento de luxo e de última geração. A receção das mercadorias é feita no cais de mercadorias do piso inferior, indo diretamente para as câmaras congeladoras ou frigoríficas. Porém todos os produtos hortícolas e todas as frutas antes de serem armazenadas são desinfetadas, mesmo aquelas que são consumidas sempre sem casca, como é o caso da banana ou do ananás. As exigentes normas sanitárias do grupo Iberostar assim o exigem.


Por enquanto, toda a dimensão projetada para a cozinha deste hotel parece megalómana, tendo em conta atuais os números de clientes. Mas Jorge Fernandes sabe que o hotel é recente mas que quando estiver a ter uma ocupação e uma divulgação mais fortes todas as instalações vão ser necessárias. Este hotel de cinco estrelas dispõe de 166 quartos, sete salas de reuniões e um salão de festas de 400m2 (com um vestíbulo de 200 m2).
No final do verão, Jorge Fernandes deixou a “linha”, e as duas cozinhas do Hotel Intercontinental do Estoril, onde trabalhou durante dois anos, e foi fazer a abertura do Iberostar novamente como chefe executivo.
Após uma formação de uma semana em Tenerife para conhecer a filosofia e as normas desta cadeia hoteleira, pôde mergulhar no trabalho em Lisboa; montar a cozinha, escolher a sua equipa e criar a carta.
Gosta muito da cozinha tradicional portuguesa, mas tem de lhe dar o seu toque pessoal, desconstruindo-a. Assim por exemplo, a sua caldeirada sabe a caldeirada mas parece a caldeirada tradicional. Chamou-lhe “Garoupa grelhada com camarão tigre e molho de caldeirada.
A sua paixão é o peixe, como fica bem espelhado nos pratos que assina. O polvo é confitado e servido com chouriço alentejano e migas de batata vitelote – temos o toque da cozinha portuguesa mas apresentada de uma maneira moderna. Tiago, o responsável pelas bebidas, sugeriu-nos acompanhar o polvo com um vinho rosé, um Castro de 2016, que espelha a sua influência marítima.
Polvo confitado com chouriço alentejano e migas de batata vitelote 
Já o lombo de borrego – tenríssimo! - é servido sob uma crosta de herbes de Provence com um original esparregado de salsa e acompanhado por um vinho Alentejo: o Pontual.
Lombo de borrego  com crosta de herbes de Provence e esparregado de salsa
Numa cozinha de um hotel internacional não podiam faltar pratos internacionais, como os risotti e as pastas. O risotto de lavagante é aprimorado com limão confitado. Tiago serviu-nos um copo de Confidencial, da região de Lisboa, um vinho branco mono casta (Touriga Nacional), frutado, cítrico mas com a secura apropriada para um risotto.
Terminámos a refeição com um “pijama” de sobremesas, acompanhadas por um vinho do Porto tawny da Quinta do Noval: um parfait de requeijão sobre um original bolo de espinafre e com gel de abóbora e gelado de noz e um deliciosíssimo cremoso de abade de priscos com espuma de framboesa e sorbet de pera bêbada.
A paixão que Jorge Fernandes tem pela cozinha reflete-se nos pratos servidos. Aos 14 anos decide ir para a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, apesar da muita reticência dos pais. “Nessa altura, a profissão de cozinheiro ainda não tinha o glamour de hoje em dia”, recorda com um sorriso nos lábios. Durante o curso, estagia em restaurantes de hotéis de prestígio como o Hotel da Lapa em Lisboa, o Tivoli Lisboa e o Ritz Four Seasons, em Lisboa. Aqui trabalhou com o chefe António Boia, que considere o seu metre, o seu mentor. Quando António Boia vai para o Praia Caffé na Praia da Torre em Oeiras, Jorge Fernandes não hesita e segue-o. Daí vai para o Rio’s, também em Oeiras.
Aos 28 anos é convidado para ir fazer a abertura do restaurante Atlântico Restaurante & Bar do Intercontinental do Estoril para onde vai como chefe executivo. “Um trabalho muito desafiante, pois o hotel tinha dois restaurantes: um dentro do hotel e outro fora”.
Paralelamente, trabalhou em caterings de grandes eventos como o Volvo Ocean Race ou o Rock in Rio, foi membro da Equipa Nacional de Cozinha, tendo trazido várias medalhas em diversos campeonatos internacionais, como o Campeonato Mundial de Cozinha, as Olimpíadas de Cozinha, a Villeroy & Boch Culinary Word Cup, a Global Chefs Challenge Sul da Europa, entre muitos outros - competições que lhe permitiram contactar com outras culturas e de momentos de grande camaradagem. Foi também numa destas competições que conheceu a sua mulher.
Agora está de novo a trabalhar na cidade onde continua a desconstruir pratos típicos dando à cozinha portuguesa uma roupagem nova.


Restaurante Luz
R. Castilho 64
1250-071 Lisboa
Tel.: 21 585 9000

http://bit.ly/2i2eMte 

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Chocalhadas de São Martinho

Pastores da Vila de Loriga, na serra da Estrela, mantêm a tradição secular das chocalhadas de São Martinho

O outono na serra da Estrela traz novas paisagens e sabores, mas também tradições que vale a pena conhecer ou reviver.
Na véspera e noite de São Martinho (10 e 11 de Novembro), em Loriga cumpre-se mais uma vez a tradição, os pastores tiram os chocalhos ao gado e colocam-nos nos braços e nas pernas, partindo em marcha acelerada, pelas ruas naquela que é a mais impressionante chocalhada de São Martinho. De tradição secular, a Chocalhada de São Martinho, encontra-se intimamente associada aos costumes e vivências dos pastores, e diz a lenda que a sua finalidade era a de afastar os males dos seus rebanhos.

Neste fim-de-semana decorre também, numa iniciativa conjunta entre a Junta de Freguesia de Loriga, os agentes de restauração e a ADIRAM, a mostra gastronómica Sabores da Vila. O objetivo é valorizar o potencial gastronómico da Vila, e em particular de produtos tão diferenciadores como as calhorras, o cabrito serrano, a broa e o bolo negro de Loriga, valorizando e acrescentando valor às tradições desta Vila de Montanha.