quinta-feira, 26 de abril de 2018

Nottingham, cidade do Robim dos Bosques


Fui a Nottingham cheia de expectativas. O que iria encontrar na terra do mítico Robim dos Bosques? O castelo? A floresta? A fonte dos amores?
Em Nottingham, tudo roda à volta de Robim dos Bosques. O aeroporto foi baptizado “Aeroporto de Robim dos Bosques”. Há estátuas, ruas e até um festival que lhe são dedicados. E do que resta da floresta de Sherwood, ainda existe a árvore à volta da qual se reunia em conselho Robim e os seus amigos (!).No convento de Kirklees, perto de Nottingham, hoje em ruínas, existe uma campa com a inscrição "Aqui jaz Robard Hude" – tratar-se-á do nosso Robim os Bosques?
Parece que por volta do ano 600 d. C. existiria naquele local uma localidade quem faria parte do reino de Mercia e que era conhecida pelo nome de Tigguo Cobauc, que significa “o local das cavernas”. Quando caiu nas mãos de Snot, um do senhor da guerra saxão, passou a denominar-se "Snotingaham", a cidade do povo de (Inga = as pessoas de; Ham = terra).
Em 867, Nottingham foi tomada pelos vikings. No século XII, já como domínio anglo-saxão, foi construído o castelo, e a localidade passou a denominar-se Nottingham.
Durante a Revolução Industrial, a cidade prosperou graças à indústria têxtil, tendo crescido muito rapidamente; no entanto, devido a uma péssima política urbanística, Nottingham ficou com a fama de ter os piores bairros de lata de todo o império britânico. Após a II Grande Guerra, a indústria têxtil inglesa caiu bastante, uma situação que afectou especialmente a cidade. Alguns dos edifícios industriais foram abandonados pelos seus proprietários, tendo sido felizmente restaurados pelo município e adjudicados a outras actividades. Ainda se podem admirar diversos casas vitorianas desenhadas por alguns arquitectos como por exemplo Alfred Waterhouse que mostram bem a importância da cidade no século XIX.

O centro vital da cidade é a praça do mercado, que é usada para as mais diversas manifestações desde mercados de artesanato a praias (!) – sim, no ano passado foi ocupada com vários metros cúbicos de areia. Esta praça é a 3ª maior do Reino Unido e é dominada pela Câmara Municipal, construída nos anos 20 do século XX; as suas colunas barrocas e os dois leões de pedra à entrada espelham o orgulho da cidade nesse tempo. Aliás, como podemos reparar ao passear pela cidade, Nottingham tem uma grande variedade de estilos arquitectónicos, alguns dos quais datam ainda do século XII e outros são já do século XXI.
O bar Ye Olde Trip To Jerusalem, paragem obrigatória em qualquer visita à cidade; pensa-se que seja de 1189, sendo assim, o pub mais antigo de Inglaterra – no entanto, outros há que disputam este título.

Entre as atracções turísticas, a cidade tem para ver, entre outros, a bela catedral católica de São Barnabás, concebida pelo arquitecto Augustus Welby Northmore Pugin e consagrada em 1844, o Museu de História Natural instalado no Wollaton Hall, um dos melhores exemplos de palácios isabelinos de Inglaterra, e, claro, o famoso castelo, palco de tantas histórias de Robim dos Bosques. Esta personagem é que faz atrair 300 000 visitantes estrangeiros por ano, que também se passeiam pela Floresta de Sherwood, revivendo as histórias deste nobre que roubava aos ricos para dar aos pobres e que foi sempre fiel ao seu ri, Ricardo Coração de Leão. E, não há que o esconder, foi Robim dos Bosques que nos atraiu a Nottingham.



terça-feira, 24 de abril de 2018

Memphis e Nashville – o berço do rock ‘n roll e da música country


Elvis Presley, o rei do rock ‘n roll, construiu, à saída de Memphis, Graceland, uma mansão enorme, decorada em estilo muito duvidoso, mas que mostra os rios de dinheiro que ele ganhou ao longo da sua vida... e que a filha continua a ganhar com as visitas dos fãs... Em Janeiro, por altura do aniversário de Elvis, e em Agosto, no aniversário da sua morte, há verdadeiras romarias a Graceland, especialmente a Jardim da Meditação, onde estão as campas de Elvis e dos pais.

Ainda em Memphis, podem ser visitados os Estúdios Sun, onde Elvis gravou o seu primeiro disco, para oferecer à mãe no dia do seu aniversário, e o polémico Museu dos Direitos Civis, fundado no motel onde Martin Luther King foi assassinado. A varanda onde aconteceu o assassínio está marcada com uma coroa e à frente está estacionado o seu carro. A polémica sobre a criação deste museu é porém grande, havendo um grupo de activistas que pensa que o sonho morreu e que o museu só serve para piorar o nível de vida dos negros.




Continuando porém no campo da música, temos também de ir a Nashville, o berço da música country. Para ficar a saber tudo sobre este tipo de música tão em voga nos anos sessenta e que ainda não morreu, há que visitar o Music Hall of Fame. Na cidade há ainda dois pontos de interesse: o Parque do Bicentenário, onde se escreveu a história da cidade e do Estado de Tennessee em placas de granito e o ... Partenon, uma cópia fiel e em tamanho original do Partenon grego....
Continuar a passear na região, há que parar em Lynchburg e visitar a fábrica do famoso whisky americano Jack Daniel’s, que está instalada num condado seco, ou seja, numa região onde há inúmeras proibições em relação às bebidas alcoólicas. A aldeia vive do passado, mantendo Lynchburg com o aspecto duma aldeia do século XIX. As suas 400 almas não correm contra o tempo; vão-no deixando passar suavemente, sem pressas. O tempo ficou parado. Parada no tempo ficou também a estação de comboios de Chattanooga, tornada famosa por Glenn Miller com a sua canção “Chattanooga Choo-Choo”; a estação foi agora transformada em hotel, mantendo não só a traça antiga como os comboios antigos, transformados em quartos de hotel.


quarta-feira, 18 de abril de 2018

Pelo interior do Líbano



Estávamos em Beirute, mas logo depois do pequeno-almoço partimos para o interior. A saída de Beirute estava totalmente entupida. Depois, começámos a subir, mas não descobríamos a auto-estrada. Parámos numa farmácia, perguntei pela auto-estrada… era aquela a estrada para Baalbeck. Auto-estrada não havia... A estrada era péssima, sempre a subir, só com duas faixas, cheia de camionetas. Mas finalmente, o trânsito melhorou, a estrada melhorou, e o caminho tornou-se bem agradável. Montanhas, montanhas, áridas, sem vegetação alguma, cabras e ovelhas.
Primeira paragem, Aanjar, também conhecida por Haouch Moussa (a quinta de Moisés). Foi fundada por refugiados arménios que fugiram da Turquia, do “Grande Genocídio” de 1915, no qual pereceu mais de um milhão de pessoas.
Interessante em Aanjar são as ruínas da antiga cidade omíada, construída há 1300 anos. A cidade era fortificada, cortada em quatro quartos iguais por duas grandes avenidas de 20 m de largura. Foi construída nos primeiros tempos do Islão, sentindo-se assim ainda grandes influências das antigas culturas. Parece que o material usado foi reciclado de antigas estruturas bizantinas, romanas e gregas.
Visitar Aanjar à hora de maior calor não terá sido ideal, mas foi a hora possível… Havia relativamente poucos turistas, mas… uma cobra enorme, talvez de 1.5 m, bem preta que se assustou com os nossos passos.
Para refrescar, fomos até Ksara, onde visitámos as caves. O Chateau de Ksara são as caves mais antigas do Líbano — o nome vem da palavra árabe qsar que quer dizer castelo. As primeiras vinhas foram plantadas em 1857 por padres jesuítas. O vinho amadurece numas caves naturais, nuns túneis já usados pelos romanos e descobertos durante a 1ª Grande Guerra por mero acaso, como quase sempre acontece nestes casos—2 km de túneis a uma temperatura constante de 11 a 13º C. Além de vinho branco e tinto mono-castas e de multicastas, as caves também produzem arak, a aguardente de anis tão apreciada no Líbano e na Turquia.
Ao final da tarde chegámos a Baalbeck, o centro da Herzbollah no Líbano, mas também o local onde se encontra o maior complexo de templos do império romano. Nem em Itália existe um complexo tão grande! É algo fenomenal. O muro à volta tem pedras de 1 toneladas — como foi possível trazê-las até ali e colocá-las exactamente umas ao lado das outras! Andamos pelos templos e sentimos a História a ser-nos contada pelas pedras. Sobreviveram ao tempo, às guerras aos tremores de terra, um conjunto de seis colunas com a trave mestra original e um templo maior que o Partenon (!), com as suas colunas e o seu tecto todo trabalhado em baixos-relevos.

Ficámos num hotel mesmo em frente das ruínas de Baalbeck — fenomenal abrir a porta da varanda e ver a monumental escadaria, mandada construir pelo imperador Caracalla, que leva ao propileae, um pórtico de doze colunas flanqueadas por duas torres de base triangular. De resto o hotel era simples, três camas e um lavatório, casa de banho e duches comuns. Mas por US$ 30 por noite não se pode pedir muito mais...
Baalbek significa "Deus  do Sol (Baal) de Beqaa" e se refere à região da planície fértil de Beqaa. Segundo historiadores libaneses, o local não era muito importante no passado, pois não se conhecem registos em textos assírios ou egípcios. Sabemos que foi habitada por fenícios; o local foi escolhido por estar próximo de nascentes de água e dos rios Litani e Al-Aasi. Na era dos Seljúcidas e dos Romanos, a cidade era conhecida por Heliópolis (ou "A Cidade do Sol").
A época de ouro de Baalbek começou quando o Imperador Júlio César fundou uma colónia romana na área e construiu um templo em homenagem ao deus Júpiter, com um vão central de mais 4000 metros quadrados, com os maiores granitos em peça única do mundo.Depois do governo do Imperador Trajano, que em muito privilegiou a adoração ao Deus Júpiter, que segundo ele, travou importantes batalhas junto ao Império Romano. Trajano, inclusive, construiu jardins que ligavam a cidade ao templo, com hexaedros de grande tamanho.
Na volta que demos pela cidade, descobrimos a bela mesquita, coberta de azulejos azuis e desenhos persas. É o mausoléu de Khawla, a filha do íman al Hussein. Era dia de festa. Entrámos, mas sentimos alguma hostilidade. Saímos.
De Baalbeck saem duas estradas principais, ambas para Tripoli. Uma dá a volta pelo norte do país e a outra segue por Bcharré e por Os Cedros, a estância de esqui do Líbano. Era esta que queríamos tomar, pois em Bcharré queríamos ver o Museu Kahil Gibran. Começámos a viagem bem cedo.
À hora de almoço, chegámos finalmente a Bcharré, tendo ido directamente para o Museu dedicado a Kahlil Gibran, o grande poeta místico libanês, autor de “O Profeta”, entre outras obras. O museu, que alberga uma colecção de 170 dos seus 440 quadros, foi instalado num antigo mosteiro, comprado por Gibran que aí pensou fazer o seu retiro de velhice. Morreu porém pouco tempo depois da aquisição. Na antiga igreja, está não só a sua cama como também o seu caixão (!).
A alguns metros, uma gruta dedicada a Maria, a que foi dado o nome de Nossa Senhora de Lourdes. Segundo a lenda, um dos monges do mosteiro tinha a seu cargo a horta. Perto do mosteiro não havia água e o monge jardineiro tinha de descer ao vale para ir buscar água para regar a sua horta. Nossa Senhora teve pena dele e, um dia, teve uma visão: Maria que lhe dizia que ali mesmo ao lado havia uma nascente. Um pouco mais acima, está um obelisco em forma de cone (lembra um monte de formigas) que é um antigo túmulo fenício de 750 a.C.
Seguimos por Os Cedros — bem, a “floresta” de cedros é um amontoado, pequeno de cedros. Em tempos, todo o Líbano era coberto de florestas de cedros que foram sendo desflorestadas — e agora já nada existe. Já nada se compara às descrições bíblicas da região - em 1 Reis 5, 6 lê-se: “Dá ordem, pois, agora, que do Líbano me cortem cedros”. Longe estão esses dias. No Líbano, já não há cedros, mas felizmente ainda muita História.

Galerias da Justiça de Nottingham



Paragem obrigatória de qualquer visita a Nottingham, para além do castelo e de um passeio pela famosa Floresta de Sherwood, é nas Galerias da Justiça, cujo tribunal data do século XIV.
A visita está muito bem concebida com guias/atores que desempenham vários papéis como guardas prisionais ou como encenadores de peças de teatro e que vão explicando aos visitantes a história não só da justiça em Nottingham e em Inglaterra assim como a do edifício.
No hall de entrada somos recebidos por um “juiz”, vestido a rigor que nos faz a introdução ao edifício e nos leva à sala do tribunal, onde põe os visitantes como protagonistas dum caso que deu muito de contar: o de assassínio da mulher dum famoso médico. E com historietas interativas se vai contando a história do edifício e do sistema prisional e de justiça no Reino Unido.
Parece que os primeiros a usar este local para fins oficiais foram os normandos, que designavam xerifes para manter a paz e cobrar impostos— daí o local ser conhecido por “Sheriff's Hall” ou “The County Hall “ ou mesmo “The Kings Hall”
Os primeiros registos escritos sobre o local ser usado como tribunal são de 1375 e como prisão de 1449.
Em 1724, o tribunal ruiu e um novo foi construído no mesmo local entre  1769 - 1772  - como está inscrito no edifício “Este tribunal foi edificado no ano de MDCCLXX , no décimo ano do reinado de Sua Majestade o Rei Jorge III.“ 
À frente do edifício foi colocada uma paliçada de ferro para ajudar a controlar melhor as multidões, que poderiam ficar descontroladas durante os enforcamentos públicos, que eram um espetáculo muito popular.
A última pessoa a ser enforcada publicamente foi o talhante Richard Thomas Parker  em 1864—um “espetáculo” visto por mais de 10 000 pessoas.
No último quartel do século XIX, um novo incêndio voltou a destruir o tribunal que voltou a ser construído entre 1876 e 1879. No entanto, a prisão fechou definitivamente em 1878 por causa das suas más condições.
No início do século XX, em 1905, foi ali instalada uma esquadra da polícia.
Finalmente, em 1986, fechou-se este local de “crime e castigo”.



As grutas de Nottingham – uma cidade sob a cidade



Toda a cidade de Nottingham está construída sobre várias camadas de casas, formando um conjunto de centenas de grutas, um verdadeiro labirinto feito por gerações passadas onde se vivia, trabalhava, se divertia e até se morria durante mais de 1000 anos.
Nottingham está construída sobre arenito macio, uma pedra fácil de trabalhar com instrumentos rudimentares e que permite a criação de grutas onde as pessoas se podiam abrigar do frio e da chuva e de animais ferozes – o local ideal para se ficar se não se tivessem posses. Bastava ter uma pá, um ferro ou um martelo e rapidamente construía uma “casa” para si e para a sua família.
Atualmente, a cidade de Nottingham já catalogou mais de 500 grutas na cidade, incluindo 100 que só foram descobertas nos últimos quatro anos.
Antigamente, Nottingham era conhecida por Tigguo Cobauc que significa “local de grutas”, tendo sido assim referida pelo monge galês Asser, mais tarde bispo de Sherborne, na sua obra A vida do rei Alfredo I, escrita em 893 d.C. quando estava ao serviço do rei. A parte das grutas que hoje se pode visitar é o que de mais antigo existe na cidade. Aqui foram encontradas peças de barro que datam do século XIII. Estas grutas foram habitadas até 1845 quando foi publicada uma lei, a chamada “St. Mary's Inclosure Act, que proibiu o aluguer de caves e grutas para habitação.
Nos finais dos anos 60 do século XX, quando se iniciou a construção do Centro Comercial Broadmarsh ainda se ponderou encher as grutas de cimento. Felizmente, foi criado um movimento cívico para a proteção das grutas que conseguiu a sua classificação como Monumento Histórico; as grutas foram então limpas por voluntários e abertas ao público em 1978.
Das partes mais interessantes das grutas são os curtumes que ali estiveram em funcionamento de aproximadamente 1500 a 1640. É o único curtume subterrâneo conhecido no Reino Unido. Ainda se podem ver os tanques circulares na Gruta da Coluna e uns tanques retangulares numa outra gruta. Como os tanques são pequenos, pensa-se que ali só eram curtidas peles de caprinos e ovinos. Havia uma abertura que dava para o rio Leen onde provavelmente as peles seriam lavadas. O cheiro nas grutas deveria ser insuportável pois as peles eram hidratadas com fezes e urina de animais durante três meses, a que se seguia um estágio de 16 meses em ácidos à base de casca de carvalho e água – não é de admirar assim que os curtidores tivessem uma esperança de vida muito curta, de somente 27 anos. No entanto, o cheiro horrível dos curtumes não tinha somente desvantagens: quando a peste negra grassou na região matando milhares de pessoas, os curtidores sobreviviam pois nem os ratos se atreviam a entrar naquelas grutas.
O bairro do Monte Drury era, como é fácil de imaginar, uma das piores zonas da cidade, sendo até um dos piores bairros de lata da Grã-Bretanha do século XIX. Famílias enormes viviam, dormiam e comiam em “casas” de uma única “assoalhada” nas grutas, completamente sobrepovoadas e sem saneamento algum e onde grassavam doenças como a cólera, tuberculose e varicela. A única medida possível era fecharem-se as grutas.
No entanto, durante a 2ª Grande Guerra, 86 grutas foram reabertas para servir de bunker. Como o arenito macio é muito forte, as grutas eram o lugar mais seguro para proteger os habitantes dos raids aéreos alemães, especialmente durante o grande bombardeamento de 8 de maio de 1941, durante o qual a Força Aérea Alemã largou sobre a cidade 400 bombas incendiárias.

Hoje em dia, as grutas servem a paz, podendo ser visitadas por turistas e escolas.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Culin’Art Dinners, a celebração da gastronomia em jantares a 4 mãos

O VILA VITA Parc lança este ano a primeira edição dos Culin’art dinners: uma série de jantares orquestrados a 4 mãos em alguns dos seus restaurantes. Os primeiros jantares terão lugar já nos próximos dias 5 e 6 de maio no restaurante japonês Mizu-Teppanyaki, com o chef convidado Daniel Rente, do Sushi Avenida Café. Reserve já o seu lugar!
Este ano, para além das várias novidades introduzidas na sua oferta gastronómica, tal como um novo conceito de flexitarianismo e uma maior aposta numa oferta vegetariana e saudável nos vários restaurantes e bares que o compõem, o VILA VITA Parc lança também uma série de jantares especiais a quatro mãos a que dá o nome de Culin’Art Dinners.
Os Culin’Art Dinners são jantares especiais confeccionados a 4 mãos, que decorrerão ao longo do ano em restaurantes selecionados do VILA VITA Parc. Aos chefs residentes de cada restaurante juntar-se-ão chefs convidados de renome nacional e internacional que se unirão para uma noite inesquecível para qualquer amante de alta gastronomia.


O primeiro jantar terá lugar já nos próximos dias 5 e 6 de maio, no restaurante japonês Mizu-Teppanyaki, onde o Chef Daniel Rente, do restaurante japonês Sushi Avenida Café, se juntará à Chef residente Isa Pires para 2 noites de celebração do melhor da gastronomia japonesa.
No dia 23 de junho, o VILA VITA Parc recebe ainda como chef convidado no seu restaurante Adega, o chef Nuno Barros do restaurante 1300 Taberna, localizado no LX Factory, em Lisboa, para uma noite recheada dos melhores sabores da cozinha tradicional portuguesa.

PROGRAMA CONFIRMADO

5 & 6 maio – Mizu-Teppanyaki Restaurant
Chef Convidado: Daniel Rente (Sushi Avenida Café)
23 junho – Adega Restaurant
Chef Convidado: Nuno Barros (1300 Taberna)

Para reservas e mais informações por favor contacte o VILA VITA Parc através do número +351 282 310 100 ou do email fb@vilavitaparc.com

terça-feira, 10 de abril de 2018

Dia Internacional do Café




No próximo sábado, 14 de abril, celebra-se o Dia Internacional do Café, uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo e a segunda matéria-prima mais comercializada, a seguir ao petróleo. Para evidenciar as utilizações e benefícios do café o Holiday Inn Porto Gaia promove esta quinta-feira, dia 12, uma degustação de café orientada por um barista da Delta, e no sábado, dia em que efetivamente se comemora a efeméride, o restaurante do hotel serve uma sobremesa em que o ingrediente principal é o café.

Se estiver pela zona de Vila Nova de Gaia ou Porto e for um grande fã de café reserve parte da noite para se deslocar ao Holiday Inn Porto Gaia e conhecer os segredos deste grão tão apreciado em todo o mundo.

No bar deste hotel quatro estrelas o barista da Delta, irá conduzir durante as 20h00 e as 23h00 uma sessão de degustação, não só preparando o tradicional café expresso mas também outras bebidas feitas à base de café.
No sábado e exclusivamente para assinalar a data e enaltecer o sabor do café, o chef Luís Santos, do restaurante Food & Friends prepara uma sobremesa em que o ingrediente rei é o café.
Só neste dia, ao almoço e ao jantar os clientes podem terminar a sua refeição com um Semifrio de café com creme de limão e gelado de nata. Uma combinação irresistível que estará disponível por 6,50€.

Short Break de Maio @The Oitavos




De 28 de Abril a 1 de Maio faça umas mini-férias de luxo com a nossa melhor tarifa, pequeno-almoço assinatura do The Oitavos incluído e upgrade gratuito para um Loft Premium, com varanda privada e vista fantástica para o mar. E mais: um vale de 25€ em qualquer tratamento de Spa
E nesses dias de descanso dê belos passeios a cavalo. O The Oitavos tem condições únicas para montar dentro da propriedade, aproveitando os 70 hectares de terreno e a área envolvente. Ou então pegue numa bicicleta e cá pela ciclovia até Cascais, até ao Guincho ou passeie na propriedade e pelo campo de golfe. 



terça-feira, 3 de abril de 2018

Adega da Herdade do Freixo - uma adega subterrânea


Ao longe só se viam umas espécies de claraboias em tom de terra alentejana no verão. Onde estava a adega da Herdade do Freixo? Ao aproximarmo-nos pudemos então ver que o edifício estava “escondido” debaixo da terra.

Esse tinha sido o desafio do arquiteto Frederico Valsassinha: construir um edifício que não causasse impacto visual na natureza “Quando a vinha está crescida, a adega fica totalmente escondida”, explicou Lisa Serrachino que nos guiou durante a visita à adega.
No início do século XXI, Pedro Vasconcellos e Souza, enólogo ligado à Casa de Santar, no Dão que pertence à família da mãe, apaixonou-se por uma propriedade no Alentejo, herdada pela família do pai: a Herdade do Freixo, perto de Redondo, com aproximadamente de mil hectares e uma longa história. No século XIX, Pedro de Sousa Coutinho Monteiro Paim, filho dos primeiros marqueses de Santa Iria, herdou estas terras que já tinham pertencido ao seu trisavô, Fernão de Sousa de Castelo-Branco Coutinho e Menezes, 10º Conde de Redondo. A 31 de Agosto de 1839, Pedro Sousa Coutinho Monteiro Paim casou com Eugénia Maria de Assis Castelo Branco e Lancastre, 6.ª condessa de Óbidos e de Sabugal e 7.ª condessa de Palma, reunindo assim as casas de Óbidos, Sabugal e Palma com a Casa de Santa Iria. Essas casas nobiliárquicas são hoje representadas pela família Vasconcellos e Souza.
Nos conturbados anos da Revolução de Abril, a família perdeu a herdade mas conseguiu recuperá-la mais tarde, como aconteceu a muitas outras propriedades no Alentejo.
Por volta de 2011, Pedro Vasconcellos e Souza conseguiu angariar um grupo de investidores, primeiro a Wacola Investments, S.a, e que três anos mais tarde se alterou para Herdade do Freixo Ii, S.a, e juntos lançaram o projeto que tem uma área total de 300 hectares, dos 50 estão reservados para vinha. No entanto, atualmente, como explicou Lisa Serrachino, “só estão a produzir em pleno 36 hectares (12 hectares com castas para vinho branco e 24 hectares com castas para vinho tinto)”.
Mas para fazer vinho é necessário uma adega. O projeto, que em fevereiro passado foi distinguido com um prémio “Edifício do Ano 2018” da ArchDaily, na categoria de Arquitetura Industrial, foi entregue ao arquiteto Frederico Valsasinha que concebeu uma adega totalmente subterrânea, a única na Europa, com elementos que lembram a cultura e a identidade alentejana.
O coração do edifício é uma espiral que liga os três pisos da adega. Da claraboia central, que inunda o edifício com luz natural, ao solo temos 26 metros. Aliás esta espiral serve também para separar turismo da produção. Assim as pessoas podem estar a trabalhar sem serem incomodadas pelos visitantes. Todas as áreas de trabalho estão isoladas: som, cheiro. Só a visão está disponível: durante o horário de trabalho, os visitantes podem ver como é produzido o vinho.
A adega tem uma capacidade de armazenagem para 300 mil litros de vinho. Para os responsáveis pela Herdade do Freixo, mais importante que a quantidade é a qualidade do vinho que produzem. Por isso, houve muito cuidados para a temperatura, a humidade e a pressão dentro da adega sejam sempre constantes. O ar condicionado só é acionado para fazer circular o ar. A vindima é feita por castas. A uva é despejada no cimo da adega e desce naturalmente por gravidade até aos lagares troncocónicos previamente arrefecidos, onde um robot efetua uma pisa suave e demorada.

Segue-se a prensagem: a uva preta é prensada na vertical, enquanto a uva branca é prensada na horizontal. O mosto de branco previamente desengaçado escorre suavemente para uma prensa pneumática com total ausência de oxigénio, inviabilizando qualquer possibilidade de oxidação.

O passo seguinte é o da fermentação nos tanques de inox que dura 20 dias, para depois ir para estágio de barrica no local mais profundo da adega. 80% das barricas são de 100% carvalho francês e as restantes de carvalho americano. Cada barrica só é utilizada duas vezes para dar aos vinhos a frescura da juventude. A localização da cave de estágio em barricas, no local mais profundo da adega, potencia a manutenção de uma temperatura entre os 15º e 18º C e uma humidade média de 85% com reduzida utilização de aclimatização artificial, determinando as condições ideais para a boa evolução do vinho.

Por fim, segue-se o estágio de garrafa.  

Na conceção do edifício foram muitos os desafios que se puseram a Frederico Valsassinha. À volta do edifício existem várias nascentes e lençóis freáticos – que já estão a dar dores de cabeça, pois já são visíveis muitas infiltrações. Por outro lado, durante a construção, foi descoberta uma enorme rocha magmática, a “pedra grande” que serve de humidificador natural na zona do estágio em barrica.
O respeito pela natureza marca a atuação da Herdade do Freixo. O marco geodésico a 454 m altitude vê-se à distância. Segundo a lei, nada se pode construir humanamente acima do marco, algo que poderá ter inspirado a construção subterrânea.
Como se pode ler no portal da empresa, para a instalação da vinha recorreu-se a materiais vegetais de elevada qualidade genética e sanitária e adotaram-se sistemas de condução que permitem um excelente microclima, que origina noites frescas durante o mês anterior á vindima, e permitem uma longa e correta maturação das uvas. Os solos são predominantemente derivados de rochas eruptivas das quais se destacam os quartzo dioritos, argila e algumas rochas derivadas de xisto.
Nesta paisagem idílica vive a cegonha negra, uma ave em vias de extinção que se encontra somente nas regiões mais interiores, inóspitas, isoladas e com fraca perturbação humana.
A imagem corporativa da sociedade Herdade do Freixo é o brasão da família que teve de ser redesenhado. O trabalho foi realizado pelo estúdio de design 3H, em conjunto com o mestre gravador inglês Christopher Wormell e em consonância com o respeito por uma história familiar centenária, ligada à cultura única da região e da propriedade.









domingo, 1 de abril de 2018

El Marco e o fim do contrabando


À esquerda, Portugal. à direita, Espanha.
No meio a ponte internacional mais pequena do mundo
Agustina aproximou -se do nosso carro. Abrimos a janela e ela começou a falar. “Antigamente El Marco tinha muito movimento. Os meus pais tinham um comércio ali mesmo atrás. Agora já ninguém aqui vem.” Realmente a aldeia parecia morta.
Só a mini ponte internacional, de madeira, construída em 2008 com fundos europeus sobre a ribeira de Abrilongo, e que faz a ligação entre Portugal e Espanha estava com um ar atual, lembrando as pontes decorativas dos parques ecológicos. Agustina continua as explicações: “Sempre se passou a ribeira. Fazia-se muito contrabando. Em Portugal ou não havia as coisas ou eram muito caras. E as pessoas passavam a ribeira a pé. Quando tinha muita água punha-se uma escada e passava-se”.
A ponte internacional mais pequena do mundo

Há pouco tempo construiu-se a ponte. A ponte internacional mais pequena do mundo. 1,90 m sobre a ribeira de Abrilongo ligam El Marco a Várzea Grande, também conhecida por Marco. Duas aldeias raianas,esquecidas.Com um nome que vem do facto de terem sido instalados marcos fronteiriços depois do Tratado de Lisboa de 1864 (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Lisboa_(1864)), assinado a 29 de setembro desse ano e que estabeleceu definitivamente as fronteiras entre Portugal e Espanha.
Torragem do café para consumo
em Espanha: com açúcar
Do lado português José Maria tem uma loja, Casa Palmeira, que vende tudo: café, castanhas piladas, farinha 33, galochas, ferramentas, veneno para ratos, enfim tudo.
E explica a diferença entre o café português e o espanhol. Ou melhor, todo o café é português mas a torrefação é diferente. “Os espanhóis gostam muito de café com leite. Então a torrefação do café já é feita com açúcar e alfarroba. Os grãos são pretos e brilhantes”.

Também em Várzea Grande não passa ninguém. José Maria tem muitos dias em que não abre a caixa registadora.
As vidas entre as duas aldeias estão entrelaçadas. Artur, filho de pai português e mãe espanhola, nasceu na Várzea Grande há mais de 70 anos. Fez a escola primária em Esperança, uma aldeia a uns 4 km. Quando chegou à idade de ir para a tropa, mudou-se para El Marco para fugir à guerra colonial. Tornou-se espanhol e fez o serviço militar em Espanha. Casou com Agustina, filha de pai espanhol e mãe portuguesa, natural de El Marco. Montaram um negócio que muito rendeu quando os portugueses iam a Espanha fazer compras. Agora a grande loja é um café praticamente sem clientes. As prateleiras estão vazias. Na televisão mostra o jogo entre o Guimarães e a Académica . Assim se passam os dias em duas aldeias no fim de Portugal e de Espanha.